30 de nov. de 2011

Nos arredores da universidade

O desafio da turma de Reportagem 1B0 nesta edição foi fazer um raio X do bairro vizinho ao Campus de São Cristóvão da UFS, o Rosa Elze. A grande pergunta era: como andam as relações da Universidade com a comunidade em seu entorno, e vice-versa? Para isso era preciso apresentar à comunidade universitária um pouco do que acontece nas redondezas e saber o que a instituição oferece aos moradores. O resultado está nas próximas telas.

Sonia Aguiar
Professora do Departamento de Comunicação Social da UFS responsável pela disciplina em 2011.2

CIDADANIA

Rosa Elze: um bairro de contrastes

Por Marcos Rodrigues Meneses

A vizinhança com a Universidade Federal de Sergipe (UFS) vem proporcionando ao bairro Rosa Elze, em São Cristóvão, uma configuração de contrastes. Quanto mais próximo da instituição, maior a concentração de comércio e serviços que sobrevivem da circulação de alunos, professores e funcionários. E, como efeito colateral, maior é o valor dos imóveis para alugar.

Formada por grande contingente de estudantes e moradores mais antigos, a população local é, em sua maioria, mestiça ou negra. O bairro possui uma estrutura urbana onde é possível encontrar instituições religiosas, político-comunitárias, de serviços e educacionais. Mas parte importante do desenvolvimento comercial do bairro está diretamente ligada à Universidade. Nas suas proximidades há copiadoras, restaurantes, serviços de lan-house e fast-food. Porém, quando se caminha em direção ao interior do bairro, nota-se uma forte presença de casas de materiais de construção, pequenos supermercados e padarias. Há também feira-livre às quartas-feiras.

Outra característica do bairro ligada diretamente à vizinhança da UFS são as pensões e casas para alugar, destinadas a estudantes do interior de Sergipe ou da Bahia. Janaína Rodrigues, 19 anos, aluna do terceiro período de Educação Física – Licenciatura é um exemplo deste perfil. Ela veio da cidade de Macambira, no Agreste sergipano, a 74 km da capital do Estado, para estudar na UFS e encontrou no Rosa Elze um meio mais viável e menos cansativo de concluir seu curso, em termos de alimentação e moradia, que divide com mais duas colegas da mesma instituição. Em contrapartida, não encontra material didático específico do seu curso nas proximidades e considera que a qualidade dos produtos locais “ainda deixa a desejar”.

A estudante ainda destaca a falta de serviços essenciais. “Há saneamento básico em poucas ruas, infestações de baratas, mosquitos e ratos, e quando chove é horrível, pois além do cheiro, a água misturada com o esgoto das ruas pode causar doenças e infecções”, alerta. Além disso, a jovem não se sente segura. “Os assaltos acontecem em plena luz do dia e a situação se agrava por volta das 20h. Tem que ter fé e muita coragem para sair da UFS para casa e torcer para não ser assaltada, como já presenciei acontecer”, desabafa.

MEIO AMBIENTE

Rosa Maria vive cercada de riscos 

Por Aline da Silva Souza e Fernando Moreira de Souza

Esgotos a céu aberto, mau cheiro, insetos, ruas esburacadas, poeira, além de muito entulho espalhado pelas vias públicas. Essa é a situação vivida pela comunidade do Conjunto Rosa Maria, localizado no Bairro Rosa Elze, em São Cristóvão (SE). Moradores reclamam de abandono e criticam o descaso do poder público para com a população. “Nunca vem ninguém aqui, só antes da eleição, sem nenhuma promessa de melhoria”, diz a aposentada Maria Agripina de Oliveira, de 66 anos.
Como não há saneamento, os próprios moradores improvisam uma espécie de canal para escoamento do esgoto doméstico, que quase sempre vai de encontro às ruas ou a terrenos baldios. “Quando chove, a alagação é inevitável, somos obrigados a passar pelo esgoto já misturado à água da chuva”, relata a cabeleireira Rosenilde Bezerra Araújo, de 34 anos, nascida na comunidade. Para abrandar a situação, os moradores tapam os buracos com cascalhos a fim de tornar as ruas planas e circuláveis.

Lixo residencial
A quantidade de entulho depositado nos espaços próximos às residências assusta quem por ali passa pela primeira vez. Mesmo a coleta sendo feita com regularidade, três dias por semana, alguns moradores ainda insistem em jogar e queimar o lixo nas ruas e nos terrenos baldios, onde são jogados até animais mortos, o que agrava o mau cheiro já existente, possibilitando a proliferação de ratos, baratas e mosquitos, como o transmissor da dengue. “Tivemos dengue eu e meu pai, sendo que a do meu pai foi hemorrágica”, conta a universitária Suelen Reis, de 19 anos, que reside na comunidade há 15 anos.
Se para os adultos a situação é crítica, pior para as crianças, que são submetidas a brincar em meio à sujeira e ao odor exalado pelos resíduos líquidos das residências. Tudo isso por falta de espaço digno para o lazer, já reivindicado incansavelmente pelos moradores. Na Escola Lauro Rocha de Andrade, por exemplo, o professor Eduardo César Santos, 47 anos, diz que tem procurado orientar os alunos acerca da vulnerabilidade em que se encontram, mostrando como simples hábitos, como calçar os pés e lavar as mãos, reduzem o perigo de contágio por agentes infecciosos.

Entulho das construtoras
Contudo, boa parte do despejo indevido é feito por construtoras de médio a grande porte que realizam obras pela região. Os moradores dizem que, mesmo quando acionada, a prefeitura demora muito para fazer a coleta e não fiscaliza as construtoras, que têm por obrigação declarar de que modo está sendo feito o descarte dos detritos. Segundo o engenheiro ambiental Elísio Cristóvão, 25 anos, a LOC, empresa conveniada com o município, não é paga para coletar entulho, mas apenas lixo doméstico.

O engenheiro municipal reconhece as falhas na fiscalização das empresas e no recolhimento dos entulhos, mas alega falta de estrutura, a começar pela inexistência de uma secretaria específica para o meio ambiente, que se restringe a um diretório situado dentro da Secretaria de Infra-Estrutura, e insuficiência de pessoal capacitado. Sem funcionários, o serviço só é feito se solicitado, e a fiscalização, somente quando há denúncia. No entanto, Elísio Cristóvão diz que recebe poucas ligações de moradores solicitando o recolhimento do entulho, o que pode indicar possível falha na comunicação com a comunidade.

Outra questão gerada pela multiplicação de novas construções no Rosa Elze é o destino dos resíduos provenientes dos condomínios residenciais, já que o bairro não possui rede geral de esgoto. Elísio Cristóvão afirma que a prefeitura orienta os condomínios a fazerem o pré-tratamento do esgoto, antes de ser lançado no rio, que faz a autodepuração. Comentou também que existe um novo projeto para macro drenagem e pavimentação de algumas ruas do Conjunto Rosa Maria, que aguarda liberação de licença ambiental junto à Adema - Administração Estadual de Meio Ambiente, sem prazo determinado para início das obras.

SAÚDE

Atendimento melhora mas faltam especialistas

Por Leonardo Vasconcelos e Vivianne Pereira

Apesar de reconhecerem uma melhora recente na prestação do serviço de saúde, os moradores do bairro Rosa Elze ainda convivem com alguns problemas. Para eles, os médicos são bons e o atendimento é satisfatório, mas se queixam principalmente da falta de médicos em algumas especialidades e da demora para a marcação de fichas.
No posto de saúde José Conrado de Araújo (JCA), único do bairro, trabalham quatro clínicos, dois odontólogos, dois ginecologistas e um nutricionista, além de quatro enfermeiras. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Quando precisam de atendimento médico nos fins de semana, os moradores normalmente vão ao posto do conjunto Eduardo Gomes, que funciona 24 horas, ou para Aracaju.

Não há oftalmologista, otorrino, ortopedista, psiquiatra e nem mesmo pediatra, apesar do grande número de crianças. Segundo o diretor, Adalberto Oliveira, a pediatra que atendia no posto estava causando transtornos no atendimento. “A nossa pediatra era a Drª Eliana Barbosa, mas o horário que ela disponibilizava pra gente era crítico. Ela marcava pra chegar aqui meio-dia, os pacientes começavam a chegar às dez e meia da manhã e a criança ficava com fome, chorando, vomitando no posto”, relata o diretor. Segundo ele, a situação, deverá ser normalizada em breve, com a contratação de mais dois médicos ambulatoriais, um para atender de manhã e outro à tarde, além de um pediatra e um clínico geral.

Mas a falta de profissionais de saúde não atinge apenas as crianças do Rosa Elze. A moradora Josefa Cristina reclama que há duas semanas fez um exame e na última segunda-feira, dia 21/11, foi ao posto de saúde entregá-lo ao médico para que lhe desse o resultado. De acordo com o que lhe informaram, ele só deve chegar em dezembro. Diante disso, ela questiona: “Hoje diz que não tem doutor para olhar o resultado. E como é que fica? Sem saber se tá doente até dezembro?” Segundo Graciene de Almeida, cujo irmão tem problemas psicológicos, quem precisa de atendimento psiquiátrico também tem que ir para outro posto.

Gerenciamento complicado
Outro problema frequentemente relatado pelos moradores se refere à demora para marcar consultas. “A agonia aqui é em matéria de marcação. Tem que estar aqui 5h da manhã pra marcar médico pra 8 ou 15 dias”, afirma a funcionária pública Roseana Lima. O diretor Adalberto Oliveira se defende, dizendo que normalmente as pessoas que reclamam da demora para marcação de fichas são aquelas que chegam de última hora e querem ser atendidas no mesmo dia.

Adalberto Oliveira
No posto JCA, o único dia reservado para marcação é a sexta-feira, quando são agendadas 15 fichas por médico, com exceção de nutricionista (10 fichas) e dentista (8 fichas). Outras 10 fichas são reservadas para casos de emergência e destinadas às pessoas que chegam de última hora e necessitam de atendimento imediato. Segundo Adalberto Oliveira, a média diária de atendimento no posto é de 100 pessoas, considerando apenas a parte clínica.

Embora o posto disponha de quatro clínicos contratados , no momento desta reportagem esse tipo de atendimento estava sendo feito por apenas dois médicos, já que um estava em férias e outro havia pedido exoneração. Em relação a esse problema, o diretor alega que, embora solicite à Secretaria de Saúde a contratação de mais profissionais, essa tarefa é de responsabilidade da Secretaria de Administração, que só pode fazê-lo através da realização de concurso público.

Manoel Barros
O secretário municipal de Administração, Manoel Barros, assegurou que o município de São Cristóvão fará concurso público para contratação de médicos “até janeiro de 2012". Informou ainda que com a realização do concurso deverão ser contratados mais de 30 médicos em diversas especialidades para todo o município.

Enquanto essas medidas não são postas em prática, os usuários prosseguem reclamando: “Aqui tá uma miséria. Até o interior tá melhor. É muita gente e pouco trabalho”, desabafa Josefa Cristina.

TRANSPORTES

Terminal do Campus reflete a má qualidade 
do transporte público na Grande Aracaju
Universitários e moradores do Rosa Elze e adjacências ainda sofrem com lotação, desconforto e insegurança, e cobram melhorias no Terminal, que não acompanhou a duplicação da Rodovia João Bebe-Água e a instituição da bilheteria digital

Por Daniel Damásio e Wesley Gonçalves
Localizado em um ponto estratégico entre Aracaju e São Cristóvão e considerado um dos mais movimentados da Região Metropolitana, o Terminal de Integração ao lado do Campus da Universidade Federal de Sergipe ainda causa insatisfação dos usuários quanto à qualidade dos serviços prestados. 
Nos relatos colhidos durante uma semana, em novembro passado, problemas diversos ainda se sobrepõem às melhorias trazidas com a instituição do sistema de catracas e passagens digitais e com a duplicação da Rodovia João Bebe-Água, executadas entre 2009 e 2010. Os usuários queixam-se das péssimas condições de higiene dos banheiros; da superlotação dos poucos ônibus ofertados para as linhas; da concorrência com o transporte alternativo e clandestino; do grande fluxo de filas e falta de segurança – com vítimas de furtos, roubos, assaltos e assédios.

O Terminal Campus, como é oficialmente chamado, abrange linhas de ônibus entre os conjuntos Rosa Elze e Eduardo Gomes, Tijuquinha, Jardim Universitário, Pai André e outros lugares de São Cristóvão e Zona Oeste de Aracaju. Estudantes e funcionários da UFS, vindos de toda a Grande Aracaju (e até do interior do Estado) são a maioria dos usuários. Mais atentos aos problemas, moradores do Rosa Elze, em São Cristóvão, ressaltam a importância do Terminal para cobrar mais investimentos, como diz o comerciário e universitário Wellington Santos de Jesus, 26 anos: “É essencial por aqui. São diversos bairros atendidos e está localizado em um ponto acessível. O que precisa é ampliar ainda mais as linhas, investir em sinalização, segurança e na melhor conservação do Terminal”.

Superlotação e insegurança
A baixa oferta de linhas e qualidade dos serviços de ônibus acaba por reforçar o apelo dos transportes alternativo e clandestino. O táxi-lotação, cuja passagem custa apenas 25 centavos mais que a do ônibus, é mais utilizado por quem quer ou precisa se deslocar até o Centro de Aracaju. “Existem lotações legalizadas, que são os carros pintados em vermelho ou azul; e também as clandestinas, que ainda são muito por aqui. Os táxis são mais acessíveis, inclusive muita gente está aderindo mais a eles, mas quando passam pelo Rosa Elze vêm sempre lotados”, afirma Wellington de Jesus. 

Aliás, a superlotação é uma constante entre os vários obstáculos enfrentados pelos usuários de ônibus, o que interfere tanto na pontualidade, já descumprida, quanto no stress e na falta de respeito de motoristas e passageiros. Há um ano morando no Farolândia, bairro da Zona Sul de Aracaju, Egirlane de Jesus Lima usava o ônibus com mais frequência quando morava com a família no Rosa Elze. A universitária de 22 anos afirma sentir na pele o descaso com a qualidade do transporte público, e desabafa: “Ônibus sempre lotados, muita falta de respeito por parte dos passageiros, as pessoas empurram demais. Quando a gente entra, nunca respeitam o lugar de idosos e gestantes”, lamenta.
Egirlane ainda é mais enfática quando fala de insegurança, e conta que seu pai já foi assaltado dentro da condução, quando voltava do Tijuquinha. Mas no Terminal, o assédio vem se somar aos furtos para causar pânico entre as mulheres: “Rola muito assédio. Tem homens que nos desrespeitam. Quando veem uma mulher, já chegam se roçando, e se ela tiver de vacilo, eles levam até o celular. Outro dia uma amiga minha tava falando ao celular e quase arrancaram a orelha dela pra roubar o celular (sic)”, reclama.

Efeitos da digitalização
Além da falta de segurança, o fluxo pesado e a longa espera pelos ônibus superlotados é outra reclamação constante, principalmente no inicio da manhã e no fim da tarde, considerados horários de pico. Muito desse transtorno se deve às recentes implantações da digitalização das passagens e catracas, segundo os usuários entrevistados.
Outro consenso entre os que utilizam ônibus é a falta de conservação e higiene do Terminal, principalmente dos banheiros, considerados imundos e sem condições de uso (como evidenciam as fotos ao lado). Eles sugerem que se aumente a oferta também de banheiros, o que só seria possível com uma ampla reforma. Para quando? O bufar de pasmo e galhofa de Egirlane traduz o descrédito de milhares de pessoas que dependem do transporte público para ir e vir: “Reforma? Humpf! Do terminal? Só houve uma pintura, porque reforma não houve não. Reforma nenhuma, tá do mesmo jeito! (sic)”.
Quando a equipe do Contexto Repórter quis saber dos entrevistados se eles já procuraram os órgãos responsáveis para fazer reclamações acerca das condições do Terminal Campus, a resposta massiva foi “Não”. “Mas as perguntas que vocês fizeram me levaram a refletir sobre os problemas do Terminal”, acrescentou o comerciário Wellington de Jesus.



A voz de quem sentiu na pele

No vídeo acima o professor de Letras-Português e atual estudante de Jornalismo Rodrigo Macedo, 29 anos, diz sobre as condições do Terminal e sua importância para as comunidades circunvizinhas – como o Conjunto Eduardo Gomes, onde ele morou por três anos.

ECONOMIA

Comércio do Rosa Elze garante renda para a população

Por Whagner Alcântara e Laíze Letícia

Localizado na cidade de São Cristóvão, na região da Grande Aracaju, o bairro Rosa Elze tem nos setores de comércio e serviços a principal fonte de renda da população. Em crescimento constante, ambos garantem que a grande maioria dos moradores não precise se deslocar da comunidade em busca de trabalho. As oportunidades, tanto de emprego formal quanto de ocupação informal, incluem casas de copiadoras, lanchonetes, restaurantes e postos de gasolina, entre outras. Apesar disso, alguns dos entrevistados pelo Contexto Repórter reclamaram da falta de investimentos da prefeitura.

Essas pessoas querem do governo municipal incentivos para a instalação de indústrias que garantam oportunidade de emprego com todas as garantias trabalhistas. Segundo o secretário de Infraestrutura, Valter Trindade, a prefeitura investe na comunidade com programas sociais, como o Casa Própria, que ajudam no crescimento da renda de muitas famílias do Rosa Elze. “Eu não vejo necessidade de investimento no ramo comercial do bairro, que cresce por si só”, disse ele. Já o secretário de Finanças, Lauro Rocha de Andrade, não quis falar muito, mas confirmou que a maior parte da renda local vem mesmo do comércio, que segundo ele gera, em média, de um a três salários mínimos por família. Explicou, ainda, que a variação de salário se dá pela variedade de produtos comercializados.

UFS influencia nos lucros
De uma forma geral, os comerciantes do Roza Elze não consideram preocupante a falta ou não de apoio da prefeitura, já que segundo eles a renda garantida pelo comércio é suficiente para a manutenção de suas famílias. Todos os entrevistados afirmaram que o local é ótimo para o comércio e apontaram a Universidade Federal de Sergipe (UFS) como “parceira” nos rendimentos obtidos por eles.

Genivaldo dos Santos, dono de uma frutaria, acha que é um privilégio ter seu comércio localizado ao lado da cidade universitária. “Sempre quis montar meu estabelecimento em algum lugar perto da Universidade e nunca me arrependi por isso, pelo contrário, agora colho os bons rendimentos”,  afirmou, sorrindo. Pedro Justino dos Santos Neto, dono de uma lanchonete, diz que o maior fluxo de seus clientes é dos alunos da UFS. “O lucro aqui (no estabelecimento), no período em que a Universidade está em férias, é muito menor do que quando está em aulas”, revela. Entre os empreendimentos locais, o que mais sofre com o período de férias da UFS é o das copiadoras, cuja perda de lucro pode chegar a 90% em algumas delas, em relação ao período letivo, segundo alguns donos entrevistados.

Porém, não é só nas proximidades da Universidade Federal que estão localizados os estabelecimentos comerciais do bairro. Ao dar uma volta pelas ruas do Roza Elze, a equipe do Contexto Repórter observou que comerciantes e prestadores de serviços expandem-se por todos os cantos. Segundo funcionários e proprietários destes pontos comercias, mesmo estando mais afastados do Campus, a influência da UFS nesses estabelecimentos é significativa. Eles atribuem isso à “migração” para o Rosa Elze de muitos universitários, em sua maioria do interior do estado, o que o caracteriza como um bairro dormitório. Para o secretário Valter Trindade, esse fluxo de pessoas para a localidade tem contribuído também para a expansão do setor imobiliário, que desde a instalação da UFS tem se mantido em alta. Ele acredita que nos próximos anos haverá um grande investimento por parte de empresas que pretendem abrir novas redes de apartamentos.

COMUNICAÇÃO

Tudo aqui e agora
Agência experimental de Publicidade ultrapassa os muros do Campus

Por Saullo Carvalho e Victor França

Imagine um guia de compras que divulgasse produtos e serviços encontráveis em um bairro popular como o Rosa Elze, em São Cristóvão, e que fosse distribuído para toda a comunidade. Pois foi isso que fizeram alguns alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob a orientação do professor João Dantas. Bom baiano, de fala direcionada, leve e pausada - daquele tipo que não precisa de gestos amplos para ser melhor compreendido, ele cita o filósofo alemão Friedrich Engels, defensor de que um grama de prática vale mais do que uma tonelada de teoria, para justificar sua iniciativa.

Quando chegou na UFS, em 2009, o professor formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Católica de Salvador e com mestrado em administração estratégica pela Universidade Salvador, sentiu falta, tal como Engels, de um elemento fundamental para a formação de novos publicitários : a prática. Não existia, até então, um laboratório experimental onde os alunos pudessem aliar o conhecimento teórico apreendido em sala de aula com simulações da rotina das agências. Diante dessa deficiência, Dantas decidiu criar a Tudo Experimental, a fim de proporcionar aos estudantes de Publicidade um diálogo entre universidade e mercado de trabalho. “Os jovens, nessa fase, se identificam com o tudo: tudo ao mesmo tempo e agora, tudo aqui e agora, tudo é a ideia de potência”, afirma o professor, justificando o nome da agência.

Espaço de experimentação
Embora ultrapasse os limites didáticos, a agência cabe em um cômodo. A logomarca desenhada no papel e colada na porta indica a sala, que está localizada no mesmo corredor que o Departamento de Comunicação Social (DCOS). Dentro dela, se faltam recursos técnicos, sobra criatividade: por todo canto existem recortes, letras e cores. Um cenário inspirador. Aliás, foi de lá que saíram as últimas campanhas publicitárias demandadas pela UFS, uma delas exposta em um outdoor logo na entrada da Universidade. Os próprios estudantes ficam encarregados pelo desenvolvimento dos projetos.
Mais recente campanha feita pela Tudo
A Tudo conta atualmente com oito alunos, que em dezembro serão substituídos por outros, para que haja renovação na equipe. Em 2011, ano mais produtivo da agência, Jadson Ventura e Amanda Mota figuraram entre os responsáveis pelo sucesso da experiência. São namorados e estão no 4º período de Publicidade. Amanda, com a juventude estampada em suas espinhas, talvez seja o protótipo da intenção de João Dantas ao criar a Agência Experimental Tudo. Ganhar experiência prática foi o fator preponderante para seu ingresso na agência. Hoje ela colhe os frutos. “Ontem fui fazer uma entrevista de emprego e quando olharam meu currículo disseram que eu tinha muita bagagem, mesmo sendo novinha. Isso é muito bom”, contou.

Jadson, por sua vez, foi um dos elaboradores de um projeto que teve início em sala e expandiu-se para além dos muros da Universidade. Trata-se de um guia de compras para a comunidade do bairro em que a UFS está inserida, o Rosa Elze. Os comerciantes locais anunciaram seus produtos através do folheto, que foi distribuído em 5 mil exemplares para toda comunidade, aquecendo o mercado local.

Embora a Tudo se disponha a prestar seus serviços gratuitamente, o comércio local infelizmente ainda não está tão atento à importância da propaganda como alma do negócio. Outra prestação de serviço da agência direcionada ao bairro foi a divulgação da marca UFS Ambiental e seus projetos em prol do meio ambiente.

Parceria com a Ascom
Recentemente, a Tudo iniciou um trabalho em parceria com a Assessoria de Comunicação da UFS (Ascom), que tem o papel de comunicar oficialmente ao maior número de pessoas possível o que é produzido pela UFS na sua tríade ensino, pesquisa e extensão. Chefiada pela professora Messiluce Hansen, a Ascom não tem uma ligação tão especial com o Rosa Elze, pois não é responsável pela divulgação direta de projetos ligados à comunidade, que cabe à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex). Mas gerencia a Rádio UFS, que se relaciona com a população local, mesmo que indiretamente. O objetivo da emissora é veicular uma programação culturalmente rica, diferente do que as pessoas ouvem nas outras rádios. Ou seja, é uma tentativa de educar a população.

ARTE & CULTURA

Projeto da UFS promove ensino de artes em escolas
Colégios de São Cristóvão são beneficiados por iniciativa do Núcleo de Artes e Design

Por Pedro Rocha

Está em vários artigos do Regimento Interno da Reitoria e do Estatuto da Universidade Federal de Sergipe (UFS): a universidade deve possuir programas que promovam o desenvolvimento da comunidade à qual ela pertence. E nenhum outro município se relaciona melhor com a instituição do que o que abriga seu maior campus, São Cristóvão. Todos os anos, alguns projetos são aplicados no município, mesmo quando não registrados pela Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. Em novembro, teve início mais um, promovido pelo Núcleo de Artes e Design da UFS, sob a coordenação da professora Marjorie Garrido Severo, o de ensino de artes em escolas públicas.
Profa. Marjorie Garrido
“A ideia é gerar propostas de trabalho em Artes para a escola Estaduais Olga Barreto, Deputado Elísio Carmelo e Paulo Sarasate, todas em São Cristóvão, e desenvolver em dois semestres uma pesquisa da Cultura Visual e do Ensino de Arte na Escola”, explica a professora. Ela informa que os projetos ocorrem em duas fases, sendo a primeira de verificação das problemáticas a serem trabalhadas e a segunda, de aplicação do projeto e avaliação de resultados. O projeto acontecerá por dois semestres consecutivos.

Nas escolas Deputado Elísio Carmelo e Paulo Sarasate, o projeto já foi iniciado e está na primeira fase, sob o acompanhamento dos professores Gladston Luiz Barroso e Elizabete Carmelo. Já na Escola Estadual Olga Barreto o projeto teve que ser adiado, segundo a professora Marjorie Garrido, porque as professoras que ministram a disciplina de Artes não são formadas na área e dão aulas em horários intercalados, impossibilitando a execução pelas estudantes da UFS participantes do projeto. Por esse motivo, as atividades delas foram transferidas para o Colégio Estadual Leandro Maciel, em Aracaju. Sobre a inexistência de professores de artes na escola, o diretor da Olga Batista, José da Silva Júnior, informou que o problema é a falta de profissionais capacitados, e que esse é um “problema generalizado”. Na Secretaria de Estado da Educação, ninguém foi encontrado para comentar o caso.

Garrido reitera a importância do ensino de artes, que para ela, é uma área de conhecimento que possibilita entender a condição humana e pode deflagrar o pensamento crítico nas escolas. “É importante termos certeza de que toda a potencialidade do ensino de artes só se tornará real se o professor acreditar que pode atuar como agente transformador dos/com seus alunos. Caso contrário, continuaremos sendo professores dispensáveis, colando bandeirinhas para a festa de São João”, afirma.

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

UFS realiza mais de 50 projetos de extensão em São Cristóvão

Por Érika Rodrigues e Jefferson Oliveira

Quando se fala em universidade, imediatamente se associa a atividades de ensino e pesquisa. Mas poucos sabem exatamente o que significa o terceiro elemento do tripé que sustenta essa instituição, a extensão acadêmica, que aglutina processos educativos e culturais em interações com a sociedade. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) possui 278 projetos de extensão em andamento, dentre eles 53 voltados para o município de São Cristóvão, dos quais nove estão diretamente relacionados com o bairro Rosa Elze, onde a Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos está situada.

“A extensão faz com que a comunidade perceba a materialidade da existência da universidade”, afirma a Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) em exercício, Maria Conceição Almeida Vasconcelos. Ela explica que ao se elaborar um projeto nessa área é necessário ter um conhecimento prévio da comunidade (pesquisa), apresentar relatórios metodológicos que auxiliem no entendimento da conjuntura local (ensino) e a intervenção na comunidade (extensão propriamente dita).
As atividades de extensão podem ser enquadradas em sete eixos temáticos: educação, trabalho, saúde, cultura, direitos humanos, tecnologias e meio ambiente. A UFS possui projetos em todas as linhas e as áreas com maior demanda são saúde e educação.

Educação física e mental
“Atividade física e promoção da saúde através dos exercícios de musculação para a comunidade do Campus da UFS em São Cristóvão e Rosa Elze” é o projeto coordenado pelo professor Pedro Jorge Morais Meneses, do Departamento de Educação Física (DEF), que acontece diariamente, nos três turnos, na sala de musculação.  O objetivo é contribuir para a qualidade de vida dos participantes e desenvolver experiências voltadas à formação pedagógica dos bolsistas.

Para Dagoberto Sobrinho de Carvalho, bolsista do projeto, a iniciativa funciona como um laboratório onde se encontram alunos com condicionamento físicos diferentes, alguns com problemas de saúde, e se desenvolvem treinamentos específicos para cada situação. “Essa experiência é muito positiva para o currículo, não adianta ficar só na teoria. Através do projeto é possível vivenciar tudo e conhecer as necessidades da comunidade”, destaca. O aluno do sexto período de Educação Física afirma ainda que as situações vivenciadas são muito semelhantes às encontradas em qualquer academia de musculação. “É preciso avaliar a saúde de cada aluno e orientá-lo no que concerne à alimentação e à maneira adequada para a prática dos exercícios”, conclui.

Na opinião de Edson Costa, estudante da UFS e morador do bairro Rosa Elze, o projeto de musculação na Universidade traz tanto melhorias físicas quanto mentais. “Eu estava completamente sedentário até começar as aulas de musculação. Acho que projetos como esse fazem um bem maior do que aparentam. Além de mais saúde e bem estar pessoal, já me sinto mais disposto para as atividades do dia-a-dia, inclusive intelectuais”, relata.

Formação complementar 
Justiça Universitária Social (JUS) é outro dos projetos de extensão cujas atividades são destinadas à comunidade do Rosa Elze. Em execução desde dezembro de 2008, o JUS tem como objetivo transpor as diferentes formas de exclusão vivenciadas por brasileiros de baixa renda, garantindo seus direitos e propiciando acesso ao judiciário. Coordenado pelo professor José Afonso do Nascimento, do Departamento de Direito (DDI), a atividade tem a participação de bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Extensão (Pibix), de outros docentes e alunos voluntários.

Dentre as atividades desenvolvidas destacam-se palestras e debates sobre assuntos de interesse da comunidade, e o aconselhamento jurídico. Thiago Meneses Santana, ex-coordenador estudantil do JUS, acredita que o projeto de extensão foi uma forma de sair da passividade e encarar situações reais que certamente serão semelhantes às encontradas após a formação. “O JUS foi fundamental pra mim, foi com certeza a experiência mais importante na universidade e, quem sabe, de toda minha vida”, afirma.

JUSTIÇA

Defensoria Pública no Campus
Parceria da UFS com Fórum Rollemberg Leite favorece pessoas de baixa renda e estudantes do curso de Direito

Por Samara Pedral dos Santos e Luzia Nunes Barreto

Conflitos familiares, como pagamento de pensão, e brigas de vizinhos predominam entre os cerca de mil atendimentos feitos por ano, em média, no Fórum Prof. Gonçalo Rollemberg Leite, instalado dentro do Campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS), quase em frente ao Terminal de Integração. A maioria dos beneficiários é composta por pessoas de baixa renda que necessitam de defensoria pública para resolver pendências judiciais, segundo a juíza substituta Maria Luiza Fox Mendonça.
O Fórum foi inaugurado em 2007, em terreno cedido pela UFS, que em contrapartida recebeu uma estrutura de salas para que seus alunos possam estagiar, uma parceria com prazo de 30 anos de vigência. Lá funciona a Vara Judicial e serviços auxiliares do Tribunal de Justiça de Sergipe, responsável pela construção do Fórum, cujo nome é uma homenagem ao fundador da Faculdade de Direito de Sergipe.

Até o primeiro semestre de 2011 o trabalho da Defensoria Pública era acompanhado, de forma voluntária, por estagiários do curso de Direito da UFS. Mas, segundo o Departamento de Direito, essa participação foi temporariamente suspensa para elaboração de um projeto para 2012, que visa ao acompanhamento dos alunos por um professor da disciplina de Prática Civil. As salas do Fórum destinadas aos estagiários estão sendo preparadas com novos equipamentos. Haverá contratação de professor e um colegiado selecionará os estudantes que estagiarão.

Até o momento, a UFS e o Fórum não possuem projeto de extensão em conjunto. No entanto, a juíza Maria Luiza Fox Mendonça informou que será encaminhado um ofício à Universidade para que as duas instituições disponibilizem serviços de assistência social e psicólogos para atendimento às pessoas de baixo poder aquisitivo, que não têm condições de pagar por serviços de apoio à família.

O atendimento no Fórum Prof. Gonçalo Rollemberg Leite ocorre das 8h às 14h, mediante distribuição de senhas. No dia em que a equipe do Contexto Repórter esteve no local, todas as pessoas entrevistadas disseram estar satisfeitas com o atendimento, como a professora Dalila Santos, que aguardava uma audiência de conciliação; o estudante Israel Vasconcelos, que estava pela segunda vez ali na expectativa do encerramento de um processo; e o representante comercial Ricardo Elias, que já tinha necessitado dos serviços do Fórum outras vezes. Os universitários raramente recorrem ao Rollemberg Leite para resolver questões judiciais, revelou a juíza Mendonça.

EDUCAÇÃO

Os novos desafios do Colégio de Aplicação da UFS
Sorteio público é visto como uma medida inclusiva, mas também como um grande desafio para os professores 

Por Gustavo Caio e Iago Vinicius

Há dois anos, o Colégio de Aplicação (Codap) adotou o sistema de seleção por sorteio para se adequar às políticas de inclusão da UFS – Universidade Federal de Sergipe. Essa medida, que substituiu o antigo exame seletivo, permitiu o ingresso de alunos com diferentes históricos educacionais e mudou o perfil docente do Colégio. De acordo com o diretor Nemésio Augusto, quando o exame de seleção ainda estava em vigor, os alunos entravam mais preparados: apenas cerca de 10% dos estudantes das séries iniciais eram reprovados anualmente, o que representava um rendimento escolar bastante satisfatório. Segundo ele, com a mudança, o índice de reprovação subiu para em torno de 30%.

O professor de Desenho Geométrico Marcos Antônio Silva Pedroso explica que tal situação se dá pelo fato de que muitos alunos estão chegando com dificuldades de interpretação, de leitura e de manuseio dos instrumentos básicos da matemática, como réguas e esquadros. Ele destacou ainda que o comportamento em sala de aula está sensivelmente pior.

Graças ao nível de dificuldade do exame de seleção anterior e à grande concorrência (cerca de 1300 inscritos para 60 vagas), apenas alunos muito preparados, que tiveram boas oportunidades educacionais, conseguiam ingressar no Codap. Tal processo de seleção era considerado excludente, já que diminuía a chance de estudantes sem grande base de letramento terem acesso a uma boa instituição de ensino. De acordo com a professora de Português Marlucy Gama Bispo, a mudança para o sorteio público era necessária. “O Codap é uma escola-laboratório, um laboratório em educação, e, como todo laboratório, precisa realizar seus testes em uma amostra bastante diversificada”.

Desafio pedagógico
Os professores do Colégio de Aplicação confirmam que, com a mudança para o método de sorteio como seleção de vagas, criou-se um desafio na instituição: o de manter o alto desempenho escolar dos alunos.
De acordo com o professor Marcos Pedroso, a mudança para o método de seleção por sorteio provocou alterações nos métodos de ensino dos professores. Estes não têm a mesma facilidade para ensinar os conteúdos, já que parte dos alunos tem grandes dificuldades de escrita e interpretação. Por isso, os docentes passaram a ser também alfabetizadores no 6° ano, antiga 5ª série.

Sobre essa situação, a professora Marlucy Bispo afirma: “os dados sobre a mudança ainda são incipientes, mas o Codap já lança projetos para tentar melhorar o quadro de aprendizagem dos alunos, aumentando, por exemplo, a carga horária de Matemática e Língua Portuguesa para todos os alunos do 6° ano”. Ao ampliar a carga horária de sua disciplina e exigir maior acompanhamento dos pais, o professor Pedroso constatou uma melhora no desempenho dos alunos dessa série. Além disso, comprovou que os alunos do 7° ano, que também ingressaram por sorteio, aumentaram as médias em relação ao ano de ingresso.

O Contexto Repórter B entrevistou seis alunos - quatro do ensino fundamental e dois do ensino médio - para ilustrar as diferenças entre dificuldades e perspectivas dos alunos que ingressaram por exame de seleção e por sorteio. Os alunos do 6° e 7° anos entrevistados  disseram que sentiram muitas dificuldades ao entrar no Codap. Eles destacaram que, em suas antigas escolas, costumavam tirar boas notas e, ao trocarem de Colégio, foram para a recuperação em quase todas as matérias, com pontuações baixíssimas em Português, Matemática, Desenho Geométrico e Inglês (nesta última, quase todos os alunos do 6° ano foram para a recuperação). Tais dificuldades não foram enfrentadas pelos alunos que ingressaram por concurso.

Para a professora Marlucy Bispo, o desempenho de alguns alunos provenientes do ensino público que entraram por sorteio é preocupante. “Estes alunos sofrem um impacto maior, já que a escola pública brasileira é dotada de dificuldades estruturais, como falta de água, de professores, de cadeiras, de segurança...”.