30 de nov. de 2011

MEIO AMBIENTE

Rosa Maria vive cercada de riscos 

Por Aline da Silva Souza e Fernando Moreira de Souza

Esgotos a céu aberto, mau cheiro, insetos, ruas esburacadas, poeira, além de muito entulho espalhado pelas vias públicas. Essa é a situação vivida pela comunidade do Conjunto Rosa Maria, localizado no Bairro Rosa Elze, em São Cristóvão (SE). Moradores reclamam de abandono e criticam o descaso do poder público para com a população. “Nunca vem ninguém aqui, só antes da eleição, sem nenhuma promessa de melhoria”, diz a aposentada Maria Agripina de Oliveira, de 66 anos.
Como não há saneamento, os próprios moradores improvisam uma espécie de canal para escoamento do esgoto doméstico, que quase sempre vai de encontro às ruas ou a terrenos baldios. “Quando chove, a alagação é inevitável, somos obrigados a passar pelo esgoto já misturado à água da chuva”, relata a cabeleireira Rosenilde Bezerra Araújo, de 34 anos, nascida na comunidade. Para abrandar a situação, os moradores tapam os buracos com cascalhos a fim de tornar as ruas planas e circuláveis.

Lixo residencial
A quantidade de entulho depositado nos espaços próximos às residências assusta quem por ali passa pela primeira vez. Mesmo a coleta sendo feita com regularidade, três dias por semana, alguns moradores ainda insistem em jogar e queimar o lixo nas ruas e nos terrenos baldios, onde são jogados até animais mortos, o que agrava o mau cheiro já existente, possibilitando a proliferação de ratos, baratas e mosquitos, como o transmissor da dengue. “Tivemos dengue eu e meu pai, sendo que a do meu pai foi hemorrágica”, conta a universitária Suelen Reis, de 19 anos, que reside na comunidade há 15 anos.
Se para os adultos a situação é crítica, pior para as crianças, que são submetidas a brincar em meio à sujeira e ao odor exalado pelos resíduos líquidos das residências. Tudo isso por falta de espaço digno para o lazer, já reivindicado incansavelmente pelos moradores. Na Escola Lauro Rocha de Andrade, por exemplo, o professor Eduardo César Santos, 47 anos, diz que tem procurado orientar os alunos acerca da vulnerabilidade em que se encontram, mostrando como simples hábitos, como calçar os pés e lavar as mãos, reduzem o perigo de contágio por agentes infecciosos.

Entulho das construtoras
Contudo, boa parte do despejo indevido é feito por construtoras de médio a grande porte que realizam obras pela região. Os moradores dizem que, mesmo quando acionada, a prefeitura demora muito para fazer a coleta e não fiscaliza as construtoras, que têm por obrigação declarar de que modo está sendo feito o descarte dos detritos. Segundo o engenheiro ambiental Elísio Cristóvão, 25 anos, a LOC, empresa conveniada com o município, não é paga para coletar entulho, mas apenas lixo doméstico.

O engenheiro municipal reconhece as falhas na fiscalização das empresas e no recolhimento dos entulhos, mas alega falta de estrutura, a começar pela inexistência de uma secretaria específica para o meio ambiente, que se restringe a um diretório situado dentro da Secretaria de Infra-Estrutura, e insuficiência de pessoal capacitado. Sem funcionários, o serviço só é feito se solicitado, e a fiscalização, somente quando há denúncia. No entanto, Elísio Cristóvão diz que recebe poucas ligações de moradores solicitando o recolhimento do entulho, o que pode indicar possível falha na comunicação com a comunidade.

Outra questão gerada pela multiplicação de novas construções no Rosa Elze é o destino dos resíduos provenientes dos condomínios residenciais, já que o bairro não possui rede geral de esgoto. Elísio Cristóvão afirma que a prefeitura orienta os condomínios a fazerem o pré-tratamento do esgoto, antes de ser lançado no rio, que faz a autodepuração. Comentou também que existe um novo projeto para macro drenagem e pavimentação de algumas ruas do Conjunto Rosa Maria, que aguarda liberação de licença ambiental junto à Adema - Administração Estadual de Meio Ambiente, sem prazo determinado para início das obras.

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