SERCINE - Mesas

Cinema e Universidade
Professores debatem os entraves a serem superados

Por Roseli Pereira Nunes
Foto de Roseli Nunes
As atividades da tarde de 29 de abril, segundo dia do Sercine, foram iniciadas com pouco mais de duas horas de atraso e algumas modificações na programação, em função da transferência de horário do debate sobre Cinema e Universidade, inicialmente previsto para o turno da manhã. A mesa formada pela professora do curso de Audiovisual da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Maíra Ezequiel, e pelo professor do curso de Comunicação da Universidade Tiradentes (Unit), Cristiano Leal, aconteceu no Centro de Criatividade de Aracaju e contou com um público de aproximadamente 30 pessoas.

Maíra Ezequiel destacou os principais desafios e possibilidades que os universitários enfrentam quanto à produção e finalização dos conteúdos práticos durante o curso. Para ela, a carência de recursos e a burocracia para a compra de materiais estão entre os maiores entraves. “Não se trata apenas de um fato local. Muitos estudantes de todo o país vivem esta realidade durante a formação acadêmica”, observou. Para a professora, exigências do Ministério da Educação também  atrapalham o desenvolvimento dos cursos de Audiovisual. “Há uma carência enorme de professores nesta área, o que é agravado pela necessidade de doutorado ou mestrado para a contratação efetiva, quando na prática existem mais técnicos atuando”, pontuou.

Interação com a comunidade

A tônica deste debate foi a necessidade de diálogos entre o curso e a comunidade na qual a universidade está instalada. Segundo Maíra Ezequiel, “trata-se de uma interação imprescindível durante a formação acadêmica”, pois através da relação com o cotidiano noções de realidade e criatividade são afloradas e aprimoradas durante a formação dos estudantes. “Existem elos que formam a cadeia com relação à produção, execução, disponibilização de espaços para exibição e o envolvimento de colaboradores. O contato com os atores sociais e a pesquisa são vias importantes para se legitimar as produções”, avalia Maíra Ezequiel.

O segundo a abordar o tema Cinema e Universidade foi o professor da Unit Cristiano Leal, que, ao se auto declarar apaixonado por cinema, também apontou a burocracia dos processos como entrave ao desenvolvimento dos cursos de Comunicação, destacando que na maioria dos casos não há o acompanhamento necessário dos avanços tecnológicos. Ele intercalou a sua fala acerca da temática com comentários e lembranças do tempo em que, enquanto estudante do curso de Radialismo da UFS, enfrentava dificuldades bastante semelhantes às atuais.

Leal disse que enxerga o cinema universitário como uma rica possibilidade pois, apesar das barreiras enfrentadas, se caracteriza como um processo livre, com variadas direções a serem seguidas, uma vez que não há limites na produção de ideias e histórias. “Está cada vez mais fácil fazer cinema, visto que as produções em vídeo estão mais perto de produtores amadores que podem disponibilizar os seus trabalhos na Internet sem custos”, ponderou Cristiano Leal. Ao encerrar a sua fala, o professor da Unit lamentou não ter nascido na atualidade, pois poderia deixar fluir com mais intensidade a capacidade criativa da juventude.


    Realização de curta-metragem
    Fusão de mesas mistura debate com cinema e universidade

    Antonio Gonçalves

    O segundo dia do 1º Festival de Cinema Universitário de Sergipe (Sercine) foi confuso. A transferência da mesa Cinema e Universidade da manhã para a tarde, sob alegação de problemas na estrutura do espaço do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPD-OV), prejudicada pelas fortes chuvas que caíram na capital sergipana, provocou atrasos em cascata.

    Foto de Antonio Gonçalves
    Marcado para as 14 horas da sexta-feira, 29 de abril, no auditório do Centro de Criatividade, antiga Caixa d’água, o debate sobre Realização de Curta-Metragem só foi iniciado às 16h, após rápida explicação sobre a fusão das duas atividades. Compuseram a mesa Anderson Bruno, representante da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas – Secção Sergipe (ABD/SE), como mediador; Maíra Ezequiel, professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS); Cristiano Leal, professor da Universidade Tiradentes (Unit); Diana Veloso, atriz; e Bruno Gehring, produtor do Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina (Kinoarte), do estado do Paraná.

    Ezequiel discorreu sobre os desafios encontrados na graduação do curso de Audiovisual da UFS, além do fato de a burocracia no serviço público contribuir para atraso tecnológico. “Quando os processos de aquisição de equipamentos são concluídos, normalmente o material comprado já está ultrapassado”, enfatizou, dizendo ainda que a falta de mestres e pós-graduados e para o ensino nessa área é outro fator que dificulta a contratação de professores. Criticou também a existência de poucos projetos de extensão universitária, devido ao distanciamento da universidade com a comunidade.

    Incentivos

    Quando Cristiano Leal começou a falar, restavam apenas 12 pessoas na plateia. Leal fez uma retrospectiva de quando foi aluno da primeira turma de Radialismo da UFS e, depois como professor, comentou as dificuldades vividas, superações e experiências que contribuíram para a sua formação. O professor ainda se desculpou por não participar de eventos com mais frequência, alegando excesso de atividades como docente.

    Já o produtor Bruno Gering enfatizou as realizações do Kinoarte, os curtas já realizados, e projetos pessoais, além da revista Taturana, criada para divulgar o conteúdo de trabalhos realizados, com circulação trimestral. O produtor considera que, com esse formato, haverá possibilidade de valorização das criações com duração maior de divulgação, contrastando com o descartável folheto. “A produção digital diminui a reflexão, porém, democratiza as produções por ser mais barata e acessível, além de fornecer muito mais conteúdo para sites, blogs e televisão com produções independentes”, disse, reconhecendo a dificuldade de fazer cinema no Brasil. “Contudo vale muito a pena”, concluiu.

    Finalizando as apresentações da mesa, Diana Veloso enfatizou a relação do ator com autores, diretores e produtores na construção do processo criativo. Aproveitou também para falar sobre seu programa semanal na TV Aperipê, que tem como proposta divulgar criações estaduais e experimentais no campo das artes.

    Durante os debates, as perguntas da plateia se concentraram nas dificuldades individuais de produção, nas perspectivas futuras para os curtas-metragens, em questionamentos sobre os equipamentos e qualidade de novos trabalhos, bem como na importância de eventos como o Sercine.


    Fórum Permanente do Audiovisual
    Debatedores avaliam os cenários da realização à exibição em Sergipe

    Por Nayara Arêdes (reportagem e fotos)


    A chuva mostra, impiedosa, sua face na manhã de sábado, 30 de abril, segundo dia do Sercine – o 1° Festival de Cinema Universitário de Sergipe. À espera do público, convidados do Fórum Permanente do Audiovisual no estado conversam no saguão da Sociedade Semear, trocando contatos e partilhando ideias. Foi nesse clima de informalidade que a terceira mesa da programação teve início, mediada pelo artista plástico Antônio da Cruz e participação de Solange Lima, Presidente nacional da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas (ABD); Indira Amaral, Presidente da Fundação Aperipê (Fundap); Rosângela Rocha, Coordenadora da Casa Curta-SE; e Anderson Bruno, Presidente da ABD-SE.

    Na plateia, nomes de peso como o documentarista argentino e homenageado do Sercine Carlos Pronzato; o Coordenador do Núcleo de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, Djaldino Moreno; o Presidente do Instituto de Estudos e Produção Audiovisual de Sergipe (Kipá), Marcel Magalhães; o Secretário Adjunto da Cultura do Estado de Sergipe, Marcelo Rangel, além de especialistas como o Técnico de Cinema do SESC-SE Wolney Nascimento.

    Em movimento

    O Fórum Permanente do Audiovisual em Sergipe (FPA-SE) foi proposto em dezembro de 2009, durante a I Conferência Livre de Audiovisual no Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPD-OV), mas só se tornou realidade quase um ano depois, em novembro de 2010, como fruto da parceria entre diversas entidades ligadas ao audiovisual, como a Secretaria de Estado da Cultura, a Fundação Aperipê, a ABD-SE e o NPD. Mas sua gestação tem origem no contexto da implantação do curso de Audiovisual na Universidade Federal de Sergipe (UFS), em 2008, na atuação do NPD na organização de cursos de formação e produção, e no surgimento do Instituto Kipá, em outubro de 2010, com o objetivo de unir teoria e exercício em audiovisual, sobretudo através do seu cineclube.

    Este cenário foi o ponto de partida para que a cadeia cinematográfica ganhasse espaço no estado, incrementando a prática do audiovisual e fomentando novos públicos. Com menos de um ano de vida, o Fórum divulgou um manifesto em favor do desenvolvimento do cenário audiovisual em Sergipe, defendendo a “concretização e construção de um diálogo contínuo e aberto entre sociedade civil e poder público”. O documento, disponível no blog do Fórum, apresenta um panorama do audiovisual no estado, levantando reivindicações e mostrando expectativas.

    Sobre o manifesto, Rosângela Rocha destaca sua relevância, mas observa seu caráter pontual: “não se pode reduzir o foco de ação”, salienta. A esse respeito, Indira Amaral acrescenta: “a cena do audiovisual está passando por uma transformação. Por isso, é necessário casar pautas locais com estratégias gerais”. Segundo Anderson Bruno, os fóruns de audiovisual no Brasil ainda são poucos e não seguem um padrão de ação. O que se reflete diretamente na construção do Fórum em Sergipe: “como não há uma linha única, nós aqui ainda estamos em uma fase de discussão e experimentação para chegar a um aprimoramento”, diz. Neste sentido, Solange Lima destaca a importância de uma unidade na atuação: “deve haver um ‘fórum dos fóruns’, para que possamos pensar macro”.

    Distribuição

    Independente das especificidades locais, uma das questões cruciais para os produtos audiovisuais é sua distribuição. Produz-se com qualidade, mas as formas de absorção dessa produção ainda são deficientes, o que resulta na inibição da cena audiovisual, sobretudo nas cidades do interior brasileiro. O acesso da população à produção audiovisual no Brasil ainda é limitada aos grandes centros, sobretudo os do centro-sul do país. Segundo dados do site da ABD nacional (http://www.abdnacional.com.br), a exibição comercial atinge apenas 8% dos municípios brasileiros, e em geral concentra-se em shoppings e pratica preços altos para uma grande parcela da população. Desta maneira, o cinema acaba por reduzir-se a uma diversão para as classes média e alta. Exemplo disso é Sergipe, onde os cinemas estão presentes basicamente nos shoppings da capital.

    É nessa lógica, portanto, que os festivais e os espaços de discussão aparecem como alternativa para trazer à tona o que os organismos hegemônicos do audiovisual não apresentam. Na opinião de Rosângela Rocha, “um festival universitário como o Sercine é importante para que os próprios alunos de Audiovisual possam tornar públicas as suas produções. A universidade pode servir de difusora, desde que os próprios alunos se envolvam”. Solange Lima vai além em suas considerações, ressaltando não só a função da universidade: “a falta de público num evento como este mostra que a academia e a sociedade não se aproximaram como deveriam. Mas não se pode divorciar cultura e educação. Por isso, defendo a ideia de que se insira matérias de audiovisual dentro do programa das escolas”.

    Um dos caminhos apontados para ampliação da distribuição audiovisual é a TV pública, que eventaulmente também desempenha o papel de realizadora. Abrindo oportunidades para a divulgação dos produtos audiovisuais e servindo de intermediária junto ao poder público, a TV comporta-se como articuladora de opiniões e meios diversos. Neste aspecto, Indira Amaral é categórica: “não vejo como o audiovisual em Sergipe pode se estruturar sem uma TV pública”. E acrescenta: “não se faz audiovisual só com paixão. É preciso articular o poder público e espaços de estruturação”.

    Perspectivas

    O avanço e o barateamento das tecnologias também tem servido como um novo viés no que diz respeito à distribuição audiovisual. A Internet e as ferramentas de reprodução de mídias digitais funcionam como um aparato alternativo, que divulgam de forma ampla e massiva a produção. “As pessoas se comunicam muito virtualmente, e esse é um caminho que o audiovisual tem que explorar para facilitar a produção e a difusão”, diz Anderson Bruno. Carlos Pronzato, defensor da distribuição alternativa de conteúdos, diz nunca ter tido problemas para propagar sua produção por deixá-la a cargo do próprio público. “Como minha produção é mais de cunho político, não convém que seja disseminada através do circuito comercial. E quem faz audiovisual tem a tendência de se prender muito ao lucro, se esquecendo do caráter social da produção. Eles têm medo de procurar outras formas de distribuição; parece que isso vai diminuir o seu trabalho”, completa.

    Para Anderson Bruno, a distribuição é apenas uma faceta a ser levada em conta dentro da noção de projeção do audiovisual. Embora esteja crescendo, a cena do cinema em Sergipe ainda tem um grande caminho a percorrer na busca de uma identidade. “Não é só fazer filme e exibir, devemos revelar a ‘sergipanidade’. É preciso auto-estima para se projetar. Temos que olhar para o nosso próprio umbigo”, destaca.

    Os debates durante o Sercine mostraram que o horizonte do audiovisual em Sergipe ainda encontra-se nublado, mas com grande potencial para ampliar-se e, quem sabe, tornar-se um “céu de brigadeiro”. Muito tem sido feito e muitos têm se empenhado para que as nuvens se dissipem, mas ainda há que se esperar o tempo abrir de fato. Que a chuva que banhou o céu no último sábado seja apenas um bom presságio de um futuro de bonanças.

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    Perspectivas para o audiovisual brasileiro
    Novos cursos, núcleos de produção e cineclubes animam o futuro 

    Por Nara Barreto e Claúdia Oliveira

    Cerca de 15 pessoas driblaram a chuva e subiram a ladeira que leva ao Centro de Criatividade de Aracaju para ouvir o que os convidados do 1° Festival de Cinema Universitário de Sergipe (Sercine) tinham a dizer sobre as perspectivas do audiovisual brasileiro. A quarta e última mesa do evento foi realizada na tarde do dia 30 de abril, com o atraso de cerca de duas horas que se repetiu em quase todas as atividades. De acordo com um dos organizadores, Baruch Blumberg, desta vez o atraso foi motivado pelo demora da mesa anterior, que deveria ter sido encerrada as 11h, mas se estendeu até 13h.

    Outro imprevisto foi a ausência de um dos participantes, que pela programação seria um representante do Cine Mais Cultura, programa do governo federal cujo objetivo é incentivar, apoiar e divulgar o cinema brasileiro, promovendo o acesso gratuito da população a obras audiovisuais. Segundo Baruch, o coordenador de Rede do Cine Mais, Rodrigo Bouillet, não pode vir a Sergipe porque o Ministério da Cultura não liberou sua passagem aérea. A mesa foi formada, então, pela presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas (ABD Nacional), Solange Lima, e pela coordenadora do Núcleo de Produção Digital (NPD) Orlando Vieira, Graziele Ferreira, também  diretora regional do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC) no Nordeste, que acumulou a função de mediadora do debate.

    O Brasil na telona

    Solange Lima, que trabalha com cinema há 25 anos, começou contanto um pouco da sua vida universitária, que tem passagens por cursos de Sociologia e Jornalismo, até chegar ao de Cinema, que ela estuda atualmente. Em seguida, falou sobre a ABD, que está implantada em 26 estados do Brasil e no Distrito Federal, e sobre a importância dos cineclubes na divulgação da produção brasileira. “Os cineclubes são nossos cinemas alternativos, além de exibir, eles também discutem com a sociedade”, opinou. Para ela, “os produtores devem saber o que querem produzir e para quem querem produzir, além de cobrar das entidades públicas regulamentação para os cineclubes e incentivos para a produção”.

    Sobre as perspectivas para o audiovisual, a presidente da ABD criticou a falta de apoio e incentivos, e considerou “caduca” a lei que regula o setor, que é de 1964. “Ela não permite diversas coisas para a produção e a reprodução”, justificou. Contudo, acredita que não será por imposição que a população vai passar a assistir as produções locais, e que não se pode esperar que o governo forneça tudo. Até porque, com as mudanças de governantes “muda também a forma de lidar com o audiovisual”, disse, referindo-se às recentes mudanças no Ministério da Cultura. Solange Lima observou que na época em que Gilberto Gil esteve à frente do MinC, o brasileiro passou a gostar de se ver nas telonas. “A gente percebeu que o Brasil começou a construir o seu imaginário de forma que ele venha a ser projetado não só no seu estado mas em todo o país. A minha preocupação neste momento é instigar as cabeças pensantes que gostam do audiovisual, que fazem o audiovisual”, frisou.

    Formação e produção

    Falando em seguida, Graziele Ferreira disse que em Sergipe há dez pontos de exibição ligados ao cineclubismo, e que já existem projetos ligados aos 16 NPDs do país para organizar as produções do núcleo e escoar nacionalmente, sobretudo através dos cineclubes. A diretora regional do CNC informou que as iniciativas estão tomando como base projetos que foram colocados em prática e deram certo em outros estados. Ela também explicou que os NPDs integram o Programa Olhar Brasil, e que o Orlando Vieira é fruto de parceria entre a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e a Funcaju, da Prefeitura de Aracaju. Ela comentou as críticas que o NPD-OV sofria no início, de que apenas os alunos da UFS teriam acesso aos seus cursos. Agora, há um esforço de ampliar a divulgação do Núcleo para outros públicos, através do blog http://npdorlandovieira-aju.blogspot.com/.

    Ao falar sobre as perspectivas do audiovisual, Graziele Ferreira limitou-se a Sergipe, ressaltando que quem quer produzir no estado pode utilizar os equipamentos que pertencem ao NPD, desde que comprove que sabe usá-los e esclareça a sua finalidade. “Esperamos daqui a algum tempo ter até que fazer edital por causa da procura”, disse. Atualmente, isso não é necessário. Ela  também destacou a importância do curso de Audiovisual da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que com apenas três anos de existência já acrescenta muito ao cenário sergipano. Como exemplo, citou uma proposta de parceria que está sendo articulada entre a UFS, a Funcaju e o NPD para a realização de cursos de extensão. “O primeiro passo, e um passo importante, já foi dado”, anunciou.

    Apesar das dificuldades relatadas, os integrantes da última mesa do Sercine pareceram otimistas sobre o futuro do audiovisual. Como disse Graziele Ferreira, “a produção está fervendo, mais um pouquinho e ela derrama”.

    Opinião do público

    Vale ressaltar que apesar de o evento ser destinado ao público universitário e de ter se estendido por um fim de semana, apenas 12 pessoas resistiram até o final da mesa de debates, das quais metade fazia parte da organização e apenas três eram estudantes de audiovisual. O restante do público foi ao evento porque simpatiza com o tema, mas não são universitários.

    “As palestras e mesas apresentadas no Sercine nos dão um panorama das dificuldades e problemas que deveremos resolver, e funcionam principalmente como instrumento para troca de experiência entre profissionais da área e os estudantes. O que me deixa triste é que poucos estudantes de audiovisual tenham aderido a esse primeiro festival”, disse Cláudio Pereira, estudante do curso de Audiovisual da UFS.

    Quando questionada sobre o resultado das discussões na prática do audiovisual, a cineasta de Recife Annyela Rocha observou que elas são um “ponto de partida”. “Ouvir o que está acontecendo com o audiovisual brasileiro leva-nos à reflexão sobre o que se pode fazer a respeito do próprio cinema. A discussão é apenas um degrau. Cabe aos realizadores a força de vontade para se unir e fazer acontecer”, disse a produtora do filme Nascido Rei, que foi exibido após a quarta mesa redonda do Sercine, na Mostra Competitiva de Curtas Universitários.