7 de jun. de 2011

Bobô, um ídolo nordestino


por Thaís Guedes

Um dos versos da música Reconvexo, escrita por Caetano Veloso, retrata perfeitamente o carisma e a amabilidade com qual o meia-direita Raimundo Nonato Tavares da Silva, conhecido popularmente como Bobô, apresentava dentro de campo. É eleito um dos maiores ídolos da história do Esporte Clube Bahia, após liderar o time campeão do campeonato brasileiro de 1988.

Com passagens pelo São Paulo, Flamengo, Corinthians e Internacional, Bobô teve sua carreira marcada por altos e baixos. Consagrado como dirigente, cronista, comentarista esportivo e, principalmente, jogador, se arriscou como técnico e hoje atua como dirigente esportivo no setor público.


Desde 2006 é diretor geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), onde foi de indiscutível importância para a candidatura de Salvador como uma das sedes da Copa de Mundo de 2014. Por tudo isso, é visto como um dos poucos  que passou por todos os campos profissionais ligados ao futebol com competência.

ETERNIZADO
Nascido no interior da Bahia , na cidade de Senhor do Bonfim, Raimundo Nonato recebeu o apelido que o eternizou da sua irmã, Rita, que quando ainda estava aprendendo a falar não conseguia pronunciar seu nome corretamente. Iniciou sua carreira na Catuense Futebol S/A, da cidade de Catu - BA, mas sua qualidade em campo logo chamou a atenção do Esporte Clube Bahia que o contratou em 1984. A partir daí sua estrada começou a brilhar anunciando o nascimento de um novo ídolo, que marcou para sempre a memória do nordestino amante do bom futebol, principalmente a memória da apaixonada torcida tricolor baiana.

Comandado pelo técnico Evaristo de Macedo, Bobô liderou o “Esquadrão de Aço” na memorável campanha que surpreendeu todos com a conquista do Brasileirão referente ao ano de 1988, na época denominado de Copa União. Isso porque os jogos da final contra o Internacional só foram realizados em 1989. A primeira partida foi realizada em 15 de fevereiro de 1989, na Fonte Nova e na ocasião o Bahia derrotou de virada o Internacional de Porto Alegre por 2x1 com gols do Bobô. No segundo jogo da grande decisão, o placar de 0x0 no Beira-Rio coroou o Bahia como campeão e Raimundo Nonato como o grande responsável pelo título.

- Fomos eternizados na história dos grandes clubes do país. Um título importante não só para o Bahia, mas sim para o Nordeste. Até hoje compartilhamos dessa conquista. Enaltecemos mais ainda o Bahia a nível nacional – afirma Bobô.

PASSAGEM PELO SUDESTE
Após a conquista do brasileirão pelo Bahia, foi negociado com o São Paulo pelo valor de US$ 1 milhão, quantia fora dos padrões dos clubes brasileiros na época. No entanto, para infelicidade dos dirigentes são Paulinos e para a decepção dos torcedores, Bobô não rendeu o esperado no time, apesar de conquistar o Campeonato Paulista de 1989.

Por estar em baixa no clube paulista, foi negociado no ano seguinte com Flamengo, onde também não demonstrou nada que chegasse perto daquele futebol que a pouco tempo atrás havia contagiado o Nordeste. Em 91 foi contratado pelo Fluminense, onde finalmente a bom futebol voltou a lhe fazer companhia. Depois disso, o jogador ainda teve rápidas passagens por Corinthians e Internacional. Em 1996, com apenas 34 anos de idade, Bobô vestiu a camisa do Bahia mais uma vez, a fim de encerrar sua carreira no clube em que virara ídolo.

COMO TREINADOR
Em 2002, Bobô partiu para uma nova carreira futebolística. Trocou microfones, chuteiras por boné, banco de reserva e lições táticas. Já havia experimentado ser dirigente, cronista e dessa vez resolveu arriscar como treinador do Bahia. Assumiu o posto de técnico do clube com o qual mais criou identidade em janeiro daquele ano. A missão era conquistar o Bicampeonato do Nordeste, incipiente, lucrativa e bem sucedida competição regional, cujo troféu foi levantado pelo Bahia em sua primeira edição, em 2001.

Apesar de desacreditado, contestado, o Bahia foi campeão sob seu comando, conquistando prestígio nacional, agora como técnico. No mesmo ano, Bobô levou o Bahia a fazer sua melhor campanha na história da Copa do Brasil. O time parou no Atlético/MG, nas quartas-de-final, mesmo depois de uma virada espetacular (4 a 3), na Fonte Nova. Faltou apenas um gol para ir até a semifinal. O time e o treinador saíram de campo aplaudidos.

O estilo Bobô ficou marcado pela ousadia tática e pelo permanente diálogo com jogadores e membros da comissão técnica. Mostrou-se um técnico moderno e arrojado, totalmente preparado para brilhar na função.



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